
Um café no meio dessa imensa cidade. E eu tive a sorte de te encontrar. Você era o tipo de pessoa que não tinha tempo para nada, mas precisava de um tempo só seu, todo dia. Esse momento era logo pela manhã. Você sempre pedia a mesma coisa. Café com torradas e geléia doce para acompanhar. Sentava-se na mesa perto da janela, e enquanto tomava seu café, admirava as pessoas que passavam na calçada, tentando decifrar seus sonhos e manias como uma forma de passatempo. Você nunca tinha me notado, mas eu sentava logo na sua frente. Enquanto você olhava a rua, eu olhava seu rosto. Como era lindo ver o reflexo do sol reluzinho ainda mais o verde de seus olhos esmeralda. Era minha rotina preferida. Lembro-me muito bem daquele dia de sol que parecia ser como outro qualquer, até eu entrar no café e não lhe ver. O único lugar disponivel era onde você se sentava todo dia. Lá me sentei, cabisbaixo por não te ver. Até o momento que ouvi o barulho do sino da porta e lhe vejo entrar. Você entrou e viu que não havia lugar. Tomei coragem e fui falar com você, perguntando se queria dividir a mesa comigo. Meu rosto denunciava meu medo e insegurança. Não queria ser a pessoa chata e falante, mas também não queria bancar o anti-social. Acabei escolhendo o silêncio. Saí da mesa lhe desejando apenas um bom dia. Você sorriu mas não disse nada. Eu saí e nunca mais retornei. Estou lhe deixando esta carta, sobre sua mesa preferida, pois acho que você tem o direito de saber que durante todo esse tempo, eu lhe amei no mais sombrio silêncio. Eu posso não saber nem seu nome. Mas eu só sei, que eu queria ser a pessoa a estar ao seu lado, todos os dias, pela manhã, pelo resto da minha vida.
- por sérgio thomaz .
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